PROBLEMAS TÉCNICOS NO TSE ATRASAM DIVULGAÇÃO DE RESULTADOS DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Atualizado em 12 de janeiro de 2021 às 10:15 pm

A primeira eleição em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) centralizou o processamento dos votos nas Eleições Municipais foi marcada por atraso na divulgação dos resultados. Neste domingo (15/11), 5.568 municípios brasileiros votaram para eleger prefeitos e vereadores e a expectativa do TSE era ter os números consolidados até as 20hrs, contudo, alguns resultados foram divulgados apenas após as 23hrs. Por volta das 21h40, cerca de 63% dos votos tinham sido computados.

No sábado (14/11), o vice-presidente do TSE, ministro Edson Fachin, informou que neste ano a totalização dos votos seria concentrada no TSE, não mais nos Tribunais regionais, como nos pleitos anteriores. Importa destacar que até 2008 o processamento era realizado pelos próprios municípios, quando foi centralizado nos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), que ficaram responsáveis por proceder com a transmissão e o processamento dos dados. As parciais da apuração eram depois repassadas ao TSE.

Ocorre que o sistema da Justiça Eleitoral para divulgação em tempo real dos resultados das eleições enfrentou um atraso na atualização das informações. O atraso na divulgação dos dados foi confirmado pelo TSE, que atribuiu o problema a uma demora na soma dos votos.

Em coletiva de imprensa realizada na noite de domingo (15/11), o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, informou que um dos núcleos de processadores do “supercomputador” que processa a totalização dos votos falhou e foi preciso fazer uma reparação, o que gerou atraso na soma dos votos. De acordo com o ministro, o atraso não traz prejuízo para o resultado das eleições, porque o problema está somente na divulgação.

Importa considerar que o TSE contratou os serviços da Oracle, o qual forneceu um supercomputador para o desempenho de uma tarefa nova, que era a totalização centralizada. Alega o Ministro Barroso que “a demora na chegada do equipamento, ocasionada em boa medida pela pandemia – foi adquirido em março, mas só pode ser entregue em agosto –  impediu que nele se realizassem todos os testes prévios, com reprodução do exato ambiente das eleições. Daí a origem do problema ocorrido.”

Contudo, o que o Ministro Barroso não esclareceu ao “traduzir” o que ouviu da TI é que se trata de um contrato para uso de uma nuvem privada da Oracle, mas hospedada dentro do datacenter do TSE, opção adotada para evitar problemas com armazenamento de dados dos eleitores brasileiros fora do território nacional, visto que também abrange o armazenamento das coletas biométricas dos eleitores.

O TSE identificou diferentes problemas na véspera, dia das eleições municipais:

a) Um “massivo” ataque de negação de serviço; b) a divulgação de informações de funcionários e ex-ministros do Tribunal, mas que teriam sido obtidas anteriormente; e c) a falha no novo sistema centralizado de totalização dos votos. Ademais, alega que falhou o aplicativo e-Título considerando a  alta demanda dos eleitores para votar ou justificar o voto, mas o TSE ainda não sabe o motivo.

O presidente do Tribunal reforçou, porém, que nada disso impactou no resultado das urnas. “Apesar da chateação que tivemos no dia de ontem, conseguimos divulgar o resultado final das eleições no mesmo dia em que elas se realizaram. A sociedade se acostumou com divulgação quatro ou cinco horas depois e demorou um pouco mais. Mas imaginar que um atraso de duas horas e meia na divulgação possa impactar o resultado é não lidar com a realidade.”

Barroso também destacou que os dados chegaram para sua totalização totalmente íntegros e apenas o processo de somar as 400 mil seções eleitorais é que ficou extremamente lento, em razão de um dos processadores ter sofrido um problema técnico.

Como funciona a apuração dos votos?

Antes da abertura das votações, as urnas emitem as zerésimas, relatório emitido antes do início da votação que lista todos os candidatos que estão concorrendo e comprova que até aquele momento nenhum candidato recebeu voto. O relatório em questão é produzido pelo Registro Digital de Voto (RDV), arquivo que, ao longo do dia, recebe os votos dos eleitores.

O presidente da seção eleitoral encerra a votação às 17hrs e a urna eletrônica emite um novo RDV, desta vez, fazendo a soma de votos para cada candidato registrado, bem como dos votos brancos e nulos. Após, é emitido um novo relatório, chamado de Boletim de Urna, que é o resultado apurado de uma urna. O boletim é impresso e cópias são distribuídas ao presidente da seção eleitoral, ao TRE e para qualquer cidadão que estiver presente no local e solicitar uma via.

Os arquivos também são salvos em pen drive. Deste modo, o pen drive é levado para um computador com acesso à uma rede privativa do TRE (uma conexão fechada do tipo VPN que protege os dados durante o envio), em um dos pontos de transmissão, e os dados são enviados ao TSE. Quando os dados chegam ao TSE, foi cumprida a primeira etapa do processo.

É feita uma validação das informações, checagem se o arquivo não foi modificado e conferências de assinaturas digitais. Os arquivos também são descriptografados para só então serem inseridos no banco de dados do TSE. Após a fase de validação das informações, o arquivo é convertido e importado para o banco de dados, que passa a conter o resultado daquela seção eleitoral. Após, o TSE passa para uma etapa de contabilização de votos a cada 10 minutos.

A última etapa é a geração de arquivos de divulgação de resultados parciais e final.

No domingo, a transmissão dos dados até Brasília foi bastante lenta. Por quatro vezes, o TSE precisou desligar todas as máquinas e religar novamente para recomeçar o processo.

Para o segundo turno, em 29/11, a expectativa é que haja correção das falhas, considerando que a apuração deve ser mais rápida, já que os dados da votação exigirão muito menos em capacidade de processamento.

Permanecemos à disposição para demais esclarecimentos que se fizerem necessários.

AGF Advice Consultoria Legislativa, Tributária e Empresarial

Compartilhe: