RECEITA PREPARA MP PARA NOVO REFIS DO FUNRURAL

Atualizado em 05 de novembro de 2019 às 9:32 pm

O secretário da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, prepara uma medida provisória para abrir um novo Refis que renegocie as dívidas contraídas pelo setor de agronegócios com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), estimadas em R$ 11 bilhões. A MP deve ser editada nas próximas semanas, segundo um ministro do governo.

Com apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes, Tostes propõe que produtores rurais de todo país façam a adesão ainda neste ano e comecem a pagar seus débitos em parcelas mensais a partir de janeiro de 2020, nos mesmos moldes do “Refis” anterior, “o maior da história”, de acordo com tributaristas.

A ideia é que o novo Refis – voltado para quem não aderiu ao anterior, ou seja, a maioria dos produtores inadimplentes – também conceda descontos sobre juros, multas e descontos incidentes sobre as dívidas com o Funrural e dê até 15 anos para os devedores quitarem seus débitos com essa contribuição previdenciária.

Criado por meio de uma lei sancionada em 2018 pelo então presidente Michel Temer após grande pressão dos ruralistas, o Programa de Regularização Tributária Rural (PRR), o chamado “Refis do Funrural”, arrecadou apenas R$ 300 milhões durante todo o ano passado, mesmo valor estimado para 2019, segundo os dados mais atuais fornecidos pela Receita.

De janeiro do ano passado até março deste ano, os produtores que devem ao Funrural pagaram somente R$ 700 milhões a título de entrada antes de começarem a saldar as parcelas do Refis. Sinais de que o programa vem fracassando, na leitura de auditores federais. A estimativa era que entrasse por volta de R$ 1 bilhão por ano nos cofres da Receita. Nesse mesmo período, 9.261 agricultores, pecuaristas e agroindústrias com passivos junto ao Refis aderiram ao programa – o universo total de devedores é de 18 mil contribuintes.

Produtores de todo país tiveram até 31 de dezembro do ano passado para se inscrever no Refis “antigo”. Na leitura do fisco, porém, a baixa adesão se deve sobretudo à esperança de anistia nutrida por milhares de produtores, muitos dos quais ficaram por anos sem pagar o Funrural com base em liminares na Justiça. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou constitucional a cobrança.

Em outra frente, o polêmico perdão desses débitos também vem sendo estudado e não está descartado pela Economia. A medida, porém, é considerada delicada: é preciso prever espaço no Orçamento para cobrir a eventual renúncia fiscal.

Com informações do Valor Econômico.

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