Lula e Bolsonaro decidirão no segundo turno a eleição para presidente da República

04 de outubro de 2022

Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PL) vão disputar o segundo turno para a Presidência da República nas Eleições 2022.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terminou em primeiro, com 48,43% dos votos, o equivalente a 57.259.504, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, ficou com 43,2%, o equivalente a 51.072.345 votos.

O número de votos válidos foi de 115.373.809 (95,59%), tendo sido registrados 1.929.123 votos brancos (1,59%) e 3.397.990 votos nulos (2,82%).  A abstenção chegou a 20,90%.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu na manhã desta terça-feira (4) a apuração de 100% dos votos na eleição para presidente da República, depois de somar os últimos votos provenientes do Exterior e do Estado do Amazonas.

Contudo, importa observar que em nada alterou o resultado final, o qual estava matematicamente definido e foi anunciado pelo TSE desde a noite de domingo (2). Deste modo, de acordo com a Justiça Eleitoral, a demora para completar 100% da apuração se deve à adoção da votação manual, em papel, em nove seções eleitorais no Exterior — na França, nos Estados Unidos e em Portugal.

Ainda, em município no Amazonas, também precisou adotar o voto em papel, em urnas de lona, em uma de suas seções eleitorais mais isoladas, o que atrasou a contagem de votos. Em todos os casos, a votação manual foi adotada devido ao mau funcionamento das urnas eletrônicas disponíveis ou por problemas logísticos que impediram a chegada do equipamento a tempo.

Dos Institutos de Pesquisa

Deve-se observar que os tais Institutos de pesquisa, que constantemente são alvos de contestação, após a divulgação dos resultados finais do primeiro turno entraram na berlinda.

Isso porque o resultado das urnas revelou que o desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou bem acima do que indicavam as principais sondagens eleitorais. O candidato obteve 43,2% dos votos válidos (desconsiderados votos brancos e nulos) e irá disputar o segundo turno contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que obteve 48,4%, terminando em primeiro lugar.

À exceção do pleito eleitoral no Estado da Bahia, onde a elevação de Jerônimo Rodrigues (PT), que quase levou em primeiro turno, foi captada mesmo com as pesquisas indicando liderança de ACM Neto.

As pesquisas erraram em São Paulo, onde Tarcísio chegou à frente com folga e Marcos Pontes foi eleito para o Senado. Já no Estado do Rio de Janeiro, Claudio Castro levou no primeiro turno, também no Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni terminou à frente de Eduardo Leite, e, em Mato Grosso do Sul, Capitão Contar chegou à frente de Riedel após efetivo apoio de Bolsonaro.

Todos os outros casos mostram que os institutos de pesquisa não conseguiram captar os movimentos dos candidatos apoiados por Bolsonaro. Ora, se isso não foi suficiente para dar ao presidente da República a liderança no pleito eleitoral, foi efetivamente uma demonstração de muita solidez, que coloca mais um aspecto considerável para o segundo turno.

Os principais institutos buscaram apresentar explicações para as diferenças entre as pesquisas e os resultados das urnas, alegando que não houve erros nas sondagens. Entre as explicações apresentadas estão uma migração de última hora de votos de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) para Bolsonaro, o chamado voto útil, e uma abstenção alta que deve ter afetado mais os eleitores de Lula.

Resultados como esses levaram o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), a voltar a defender que o Congresso aprove uma regulamentação com regras para os institutos. No início do ano, uma proposta chegou a ser debatida no Congresso, mas não avançou. A proposta inicial previa que os institutos deveriam informar um percentual de acertos das pesquisas realizadas nas últimas cinco eleições. Além disso, proibia a divulgação de pesquisas na véspera da votação.

Análise nos Estados

O candidato do PT, Luis Inácio Lula da Silva, venceu em 14 estados; e o do PL, Jair Bolsonaro, em 12, além do Distrito Federal.

– Lula ficou com a maioria dos votos em todos os estados do Nordeste, enquanto Bolsonaro teve maior adesão em todos os estados do Sul e Centro-Oeste.

– As regiões Sudeste e Norte ficaram divididas. No Sudeste, Lula venceu em Minas Gerais, mas perdeu nos outros três estados. No Norte, quatro estados ficaram com o ex-presidente; e três, com o atual.

Em Estados como São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, e Bahia, é nítido um processo de ‘alinhamento’ com a disputa nacional super polarizada.

Vejamos:

À frente na disputa presidencial do primeiro turno, Lula (PT) praticamente dobrou o número de votos obtidos por Fernando Haddad (PT) na primeira rodada de 2018. Lula teve a preferência de 57,2 milhões de eleitores, ou seja, 25,9 milhões (82,7%) a mais que Haddad no último pleito.

Enquanto Bolsonaro (PL), também aumentou o número de votos conquistados, levou neste ano 1,8 milhão de votos a mais (3,6%) que no primeiro turno das eleições de 2018.

Podemos considerar que a abstenção no 2º turno será um fator relevante.

Ademais, temos menos de 10 milhões de eleitores que não votaram em nenhum dos dois candidatos e não anularam seu voto. Portanto, Lula precisa de milhões desses votos, enquanto, Bolsonaro, precisará tirar votos dos Estados onde Lula teve a maioria, e obter votos de Simone e Ciro.

Perfil dos Candidatos

Luiz Inácio Lula da Silva foi presidente da República por dois mandatos, de 2003 a 2007 e de 2007 a 2011, e deputado federal constituinte de 1987 a 1991. É fundador do Partido dos Trabalhadores (PT), maior legenda de esquerda do Brasil, e continua sendo o principal quadro do partido.

Lula só se elegeu presidente na quarta tentativa. Perdeu para Fernando Collor no segundo turno em 1989, e para Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1994 e 1998, ambas as vezes no primeiro turno. Foi finalmente vitorioso em 2002, sobre José Serra (PSDB), e em 2006, contra Geraldo Alckmin (PSDB), as duas vezes em segundo turno.

Na disputa de 2018, preso no âmbito da Operação Lava Jato, chegou a lançar sua candidatura ao Palácio do Planalto, rejeitada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa. Agora livre de sentenças, o petista se prepara para disputar pela sexta vez em 2022.

Lula tem uma longa trajetória na política brasileira. Metalúrgico, tornou-se o líder sindical que comandou as greves no ABC Paulista de 1978 a 1980; fundou um dos principais partidos do país e a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Foi deputado, eterno candidato e, finalmente, presidente da República.

Elegeu sua sucessora, Dilma Rousseff (PT), que sofreu um impeachment no meio do mandato. Ao deixar o governo, Lula tinha aprovação positiva: segundo levantamento CNI-Ibope, 80% dos brasileiros avaliavam o governo como ótimo ou bom em dezembro de 2010.

Anos depois, foi investigado e condenado no âmbito da Operação Lava Jato, desencadeada em 2014 inicialmente para investigar suspeitas de corrupção na Petrobras.

Foi preso por ordem do então juiz federal Sérgio Moro, que o havia condenado no caso envolvendo um apartamento tríplex no Guarujá (SP). O início do cumprimento da pena ocorreu após confirmação da condenação pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) negou pedido de habeas corpus preventivo apresentado pela defesa. Permaneceu preso por 580 dias, até que o STF decidiu mudar seu entendimento sobre prisão em segunda instância e, posteriormente, anular todos os processos contra ele na Justiça Federal da capital paranaense.

Com seus direitos políticos restituídos, Lula retornou ao pleito eleitoral em 2022 e está concorrendo no 2º turno com o atual Presidente Jair Bolsonaro.

Jair Messias Bolsonaro, nasceu em 1955 no município de Glicério (SP) e registrado na cidade paulista de Campinas, formou-se em 1977 na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ). Posteriormente, serviu nos grupos de artilharia de campanha e paraquedismo do Exército. Militar reformado, tendo chegado a capitão do Exército, ele é atualmente o 38º presidente do Brasil, cargo que assumiu em 1º de janeiro de 2019.

Bolsonaro exerceu sete mandatos de deputado federal pelo Rio de Janeiro entre 1991 e 2018. Antes foi também vereador na capital carioca entre 1989 e 1991.

Três de seus cinco filhos também se embrenharam pela política. Carlos Bolsonaro é vereador na capital carioca, Eduardo Bolsonaro é deputado federal por São Paulo e Flávio Bolsonaro senador pelo Rio de Janeiro.

Ao longo de sua trajetória política, Bolsonaro integrou os quadros de nove partidos. Passou por PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP e PSC. Em 2018, foi eleito presidente da República pelo Partido Social Liberal (PSL). Neste ano, candidatou-se à reeleição pelo PL.

AGF Advice Consultoria Legislativa, Tributária e Empresarial

Compartilhe: