Eduardo Leite assume PSD no RS e mira 2026: partido vira peça-chave na sucessão presidencial
15 de maio de 2025

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, oficializou sua filiação ao PSD e assumiu a presidência estadual da legenda, em movimento articulado pelo presidente nacional do partido, Gilberto Kassab.
A cerimônia foi realizada na sede nacional do PSD, em São Paulo, e contou com a presença de Kassab, do vice-governador paulista Felício Ramuth, parlamentares e lideranças políticas.
Após 24 anos no PSDB — partido com o qual construiu toda sua trajetória política — Leite confirmou a saída em meio ao processo de fusão da sigla com o Podemos. Em nota, declarou que a decisão “não foi simples”, mas reforçou que segue “guiado pelos valores tucanos”.
No cenário gaúcho, Leite articula para que seu vice, Gabriel Souza (MDB), dispute o governo estadual em 2026. No campo adversário, Edegar Pretto (PT) busca viabilizar uma candidatura de frente ampla, enquanto Juliana Brizola (PDT) tenta se posicionar fora da polarização.
Leite foi o primeiro governador reeleito no RS desde a redemocratização e já manifestou, em diversas ocasiões, o desejo de “liderar um projeto de País”, sinalizando uma possível candidatura à Presidência da República em 2026. A filiação ao PSD reforça esse objetivo — inclusive com o endosso público de Kassab, que apontou o nome de Leite como alternativa nacional da legenda.
Durante o evento, o governador afirmou estar à disposição para contribuir com a construção de um projeto presidencial que supere a atual polarização — inclusive liderando-o, se essa for a definição do partido. Para isso, deverá renunciar ao cargo até abril de 2026, prazo exigido pela legislação eleitoral.
Entretanto, o caminho de Leite até a disputa nacional está longe de ser livre de tensões. O governador do Paraná, Ratinho Junior, também é cotado como pré-candidato pelo PSD, e Kassab mantém forte interlocução com Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e atual secretário de Kassab na estrutura paulista.
Leite adotou tom conciliador, demonstrando respeito por Ratinho Jr. e destacando convergências políticas entre ambos. Relembrou sua participação em prévias partidárias e defendeu que a definição de nomes deve ser precedida pela definição de um projeto. Em relação a Tarcísio, com quem compartilha participação no Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), afirmou que é “um grande nome”.
Kassab, por sua vez, reiterou que, caso Tarcísio decida concorrer à presidência, será “natural” que o PSD apoie sua candidatura — o que reconfigura o espaço de Leite na disputa e poderá levá-lo a considerar, como já admitido, uma candidatura ao Senado em 2026.
Análise
Com a filiação ao PSD, Eduardo Leite passa a dispor de duas alternativas viáveis para 2026: disputar a Presidência da República ou concorrer ao Senado Federal, ampliando a representação da legenda no Congresso. O PSD já conta com uma das maiores bancadas no Senado, o que confere à sigla peso institucional na disputa por comissões, relatorias e articulações de agenda.
Ao migrar do PSDB — tradicionalmente vinculado à centro-direita liberal — para o PSD, Leite se alinha a um partido que vem consolidando uma base pragmática de poder, com forte presença em governos estaduais e na Câmara dos Deputados. A movimentação ocorre em um momento estratégico, em que o PSD busca posicionar-se como uma força de centro capaz de dialogar com diferentes campos do espectro político, e pavimentar protagonismo na sucessão de 2026.
A movimentação de Eduardo Leite marca a transição de um projeto estadual consolidado para uma atuação com ambições nacionais, reposicionando-se no xadrez político como alternativa moderada à polarização atual.
Sua filiação ao PSD o insere em uma legenda com estrutura robusta e presença estratégica no Sudeste, especialmente por meio da interlocução direta com Kassab. A tensão entre projetos concorrentes dentro do próprio PSD — com Leite, Ratinho Jr. e a possível adesão a Tarcísio — deverá ser o principal ponto de inflexão no tabuleiro da legenda em 2026.
A AGF Advice segue monitorando os desdobramentos dessa reorganização partidária e seus reflexos para os cenários federal e estadual.
AGF Advice Consultoria Legislativa e de Relações Governamentais