COM VITÓRIA DE ALCOLUMBRE NO SENADO, DEM ASSUME PROTAGONISMO NO CONGRESSO

Atualizado em 04 de fevereiro de 2019 às 5:06 pm

A vitória do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) foi a cereja do bolo para sacramentar o renascimento do Democratas (DEM). Depois de assumir a oposição nos governos petistas e disputar espaço e prestígio com os tucanos no Congresso, a legenda deixa um passado recente relegado ao segundo plano para assumir o protagonismo na política nacional. Afinal, além da Presidência do Senado, o partido conta com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Presidência da Câmara e o comando de três ministérios: Casa Civil, de Onyx Lorenzoni; Agricultura, de Tereza Cristina; e Saúde, de Luiz Henrique Mandetta.

O partido também avançou nos estados. Nas eleições de 2018, emplacou dois governadores: Ronaldo Caiado, em Goiás; e Mauro Mendes, em Mato Grosso. No pleito de 2014, não havia elegido nenhum. No entanto, nem tudo são flores. O DEM recuou em tamanho na Câmara, de 43 deputados para 29 eleitos. Ainda assim, o balanço é positivo, avalia o presidente nacional da legenda, ACM Neto.

O partido retoma um protagonismo que não se via desde as gestões do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Entre 1995 e 2003, sob outro nome, o PFL, o Democratas ocupou a vice-presidência da República, com Marco Maciel. Entre 1993 e o fim do governo tucano, ocupou a Presidência da Câmara em três mandatos e a Presidência do Senado, em dois mandatos consecutivos. Voltou a ter papel de destaque somente com a primeira eleição de Maia, em 2017.

A mudança de PFL para DEM veio em 2007. O sucesso da primeira gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o Democratas perder muitos votos nas eleições de 2006, principalmente no Nordeste. Muita gente saiu do partido e a legenda começou a se enfraquecer.

A ascensão do DEM é resultado de muita estratégia e articulação política, ao ponto de vencer os candidatos do MDB na Câmara, Fábio Ramalho (MG), e no Senado, Renan Calheiros (AL). Mas, também, é a consequência de um processo de reacomodação político-ideológica relacionada à dinâmica da sociedade brasileira.

Conquista do governo

O resultado das eleições na Câmara e no Senado não representam uma vitória apenas para o DEM. A escolha de Davi Alcolumbre (DEM-AP) para a Presidência do Senado e de Rodrigo Maia (DEM-RJ), para a da Câmara, também é uma conquista do governo. Ambos os candidatos eram os favoritos da cúpula do Palácio do Planalto, considerados alinhados com a agenda econômica. Entretanto, isso não significará vida fácil para a governabilidade do presidente Jair Bolsonaro.

Apesar de ter aliados no comando das duas Casas do Congresso, o governo precisará reforçar o diálogo com o Parlamento. Contar com o apoio de Maia e Alcolumbre será fundamental para criar um trânsito com o Legislativo e colocar pautas de interesse do Executivo em votação, contudo, isso não significa sucesso nas votações.

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), costurou nos bastidores apoio para Alcolumbre. A movimentação desagradou Renan, que pode criar um movimento de oposição às pautas governistas.

Estreitar os laços com o próprio DEM será um caminho que o governo não poderá evitar. A fim de obter governabilidade, enfrentar a oposição e aprovar projetos no Congresso, a articulação política de Bolsonaro deverá manter um bom diálogo com o partido e outros do centrão. Ou seja, o bom relacionamento com o DEM se torna primordial para que o Executivo tenha força nas votações no Congresso Nacional.

Com informações do Correio Braziliense

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